Para o número 18 dos Cadernos do Desenvolvimento foram selecionados quatro artigos submetidos à revista que tratam de temas caros sobre questões do desenvolvimento. No primeiro artigo, os autores debatem as novas interpretações desenvolvimentistas no Brasil dos anos 2000, recuperando as contribuições de Celso Furtado, para quem o problema do subdesenvolvimento transcende uma perspectiva de demanda efetiva, comum às novas correntes desenvolvimentistas. Os autores questionam até que ponto é possível afirmar que as mudanças de política econômica nos anos recentes no Brasil assinalam um novo padrão de desenvolvimento capaz de superar o subdesenvolvimento.
O segundo artigo discute o papel do Estado na regulação econômica à luz da teoria de Keynes. O artigo é bastante oportuno, pois este ano comemora-se os 80 anos da publicação da Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, obra maior do economista britânico. Esta obra marca o surgimento da macroeconomia como um campo de estudo dentro da ciência econômica, com desdobramentos significativos para o avanço teórico do debate sobre o desenvolvimento econômico. As autoras abordam controvérsias importantes em Keynes e posteriormente elaboradas pela escola pós-keynesiana, em particular sobre o papel da moeda, do sistema financeiro e da perspectiva do Estado em atuar no funcionamento das economias de mercado.
O terceiro artigo debate o tema da desindustrialização sob a ótica da financeirização, inserindo a análise no contexto dos fluxos de capitais, tanto produtivos como financeiros. O quarto artigo contribui com uma análise do conceito de desenvolvimento em Celso Furtado, que abrange os aspectos econômico, político e social.
Este número também traz dois artigos convidados. O primeiro, do professor Pierre Salama, discute as trajetórias de desenvolvimento do Brasil e da China. Na visão do autor, por meio da comparação entre os dois países é possível discutir alternativas para a superação de problemas ao desenvolvimento econômico em ambos.
O segundo artigo é do professor José Octávio de Arruda Mello, e baseia-se na homenagem feita pelo autor ao cientista político Helio Jaguaribe, no seminário internacional do Centro Celso Furtado, em agosto de 2014.
O entrevistado deste número — que deu seu depoimento para a série Intérpretes do Pensamento Desenvolvimentista — é o atual diretor-presidente do Centro Internacional Celso Furtado e ex-senador Roberto Saturnino Braga. Em sua longa trajetória de vida pública, ele vivenciou grandes momentos da história recente do país e, graças à sua militância política, influenciou o debate sobre questões econômicas de relevo para o desenvolvimento do Brasil.
A seção de Resenha contempla duas obras de lançamento recente. O livro Brasil, sociedade em movimento, organizado por Pedro de Souza, comemora os 10 anos do Centro Internacional Celso Furtado. A convite dos Cadernos do Desenvolvimento, o professor Fernando Augusto Mansor de Mattos preparou uma extensa resenha, comentando todas as contribuições contidas nessa importante obra.
O livro La crisis global en su laberinto, de Arturo Guillén, lançado no México em 2015, é comentado pela pesquisadora da Universidade Autônoma do México, Monika Meireles. Em sua resenha crítica, a autora apresenta a visão de Guillén sobre a crise financeira internacional de 2007-2008 e seus desdobramentos, baseado na teoria marxista, e discute como o corpo analítico de orientação pós-keynesiana também contribui na direção da análise de Guillén.
Em 31 de março passado a comunidade acadêmica lamentou a perda do professor Werner Baer, importante pesquisador americano que muito contribuiu para a divulgação de estudos sobre o Brasil na comunidade internacional. O ex-presidente do Centro Internacional Celso Furtado e professor do Instituto de Economia da UFRJ, Luiz Carlos Delorme Prado, apresenta um pequeno artigo sobre as contribuições acadêmicas do professor Werner Baer.
A todos, uma boa leitura. Maio de 2016.
Carmem Feijó
Editora